Leonor Duarte, psicóloga e fundadora da Academia Cidadã, parte do movimento Morar em Lisboa, diz que o que se está a passar em Lisboa é “um segundo terramoto”. A diferença é que os terramotos não são premeditados e esta convulsão, na sua opinião, não foi apenas uma fúria da natureza. “Estas coisas não acontecem por acaso: há uma promoção da cidade de Lisboa como um centro para o investimento estrangeiro, querem Lisboa concorrida, cosmopolita, limpinha. Um terramoto é uma coisa destrutiva e, depois de acontecer, normalmente há uma limpeza e constrói-se de novo. É mais ou menos essa a intenção”, refere Leonor Duarte, de 45 anos, ao Observador.
“Eu sou igual a qualquer arrendatário em Lisboa: vivo em Alfama, estou em perigo e estou com medo. O meu contrato pode não ser renovado, mesmo que ainda ninguém me tenha dito que é essa a intenção. Não acredito que haja alguém a arrendar casa nas zonas mais centrais que neste momento possa dizer que não se preocupa com o seu futuro. Não existem contratos estáveis, até porque eles agora são quase todos de um ano ou menos. O medo é generalizado.”