Direito de resposta ao artigo “Ativistas portugueses e o dinheiro capitalista que os financia”, publicado a 28 de Outubro de 2024 pelo Sol e jornal i. 


A Academia Cidadã emite o seguinte direito de resposta, para ser divulgado pelos órgãos de comunicação social que publicaram o referido artigo (Sol / jornal i): 

1 – Foi com surpresa que a Associação Academia Cidadã (AC) viu o seu nome e o de um dos seus projetos – Linha Vermelha – referido no artigo acima exposto. O artigo de opinião, mascarado de trabalho jornalístico, é escrito de forma sarcástica, num tom acusatório e conspiratório, que levanta suspeitas e cria confusão sobre os vários coletivos informais e associações referidas. Acresce que a “jornalista” Inês Dória Nóbrega Teotónio Pereira Bourbon Ribeiro nem sequer se dignou a contactar a associação ou o projeto. Bastava-lhe, para isso, ir ao site da Academia Cidadã, onde facilmente encontraria o contacto. 

2 – Escrever que a Academia Cidadã é “como um guarda-chuva” de todos os coletivos referidos é mentira. Todas as organizações referidas na “notícia” são independentes e a Academia Cidadã não é nem tem como missão ser “guarda-chuva” de ninguém. A Academia Cidadã colabora com várias organizações e movimentos da sociedade civil, pois só a cooperar é que conseguimos evoluir conjuntamente. 

3 – Pegar no facto de que João Labrincha, um dos fundadores da Academia Cidadã, foi candidato à presidência da Junta de Freguesia de Oliveirinha e inventar que, por isso, a Academia Cidadã é controlada pelo Bloco de Esquerda é tão verdade como dizer que a jornalista escreve a mando do CDS-PP, do qual foi deputada. Tirar esta conclusão é revelador do desconhecimento de como funciona a sociedade civil e os movimentos sociais que se articulam e apoiam entre si. 

4 – Não obstante o carácter oficial e institucional da Academia Cidadã (associação sem fins lucrativos, registada a 15 de maio de 2012, que dispõe de contabilidade organizada), valorizamos a cooperação com movimentos de cidadania, formais e informais, e a participação cívica, espontânea ou organizada. A Academia Cidadã nasceu na sequência do Protesto da Geração à Rasca, a maior manifestação cívica organizada em Portugal sem apoio de partidos ou sindicatos. Viver em democracia implica que as pessoas sejam livres de expressar opiniões, de formar coletivos, plataformas de cooperação, e organizar manifestações, nas ruas, em espaços digitais, nos locais de trabalho, nas escolas, nos bairros, cidades e aldeias. 

5 – Escrever numa “notícia” que o Bloco de Esquerda “é o partido (…) de onde vêm ou para onde vão alguns dos seus ativistas” é mais uma mentira, sobre a qual a “jornalista” não apresenta factos nem fontes para sustentar afirmações como “é o partido que anuncia as suas ações”. A Academia Cidadã emite comunicados de imprensa e declarações públicas, que são enviados para todos os órgãos de comunicação social e portais de notícias. Não é da nossa responsabilidade a sua replicação em órgãos de propaganda partidária. 

6 – O que liga os coletivos, associações, movimentos não são as suas fontes de financiamento (na verdade, bem mais diversas do que as referidas), mas sim o respeito pelos direitos humanos e a vontade de lutar por um mundo melhor, onde ninguém é esquecido nem deixado para trás, desvalorizado ou discriminado. Seguir a origem dos fundos que financiam a sociedade civil é mais fácil (e transparente) do que seguir a origem dos fundos de investimento que compram jornais como o Sol e o i. Por sua vez, organizações da sociedade civil como a Academia Cidadã, têm públicas e transparentes as suas contas e financiadores e, acima de tudo, procuram com o seu trabalho diário, maioritariamente voluntário, colmatar as falhas do Estado, que tem vindo a ser sistematicamente depauperado, especialmente durante o governo PSD-CDS-Troika, do qual a “jornalista” fez parte da bancada parlamentar que o suportava. 

7 – A Linha Vermelha é uma campanha de informação sobre alterações climáticas e ambiente. O seu público-alvo são pessoas não-ativistas, particularmente idosas e jovens, com pouco acesso a informação sobre temáticas ambientais. Tricotar serve como mote para conversar sobre assuntos sérios. Trabalhamos com pessoas de todo o país, de todos os espetros políticos democráticos, religiões e crenças. Quando a jornalista se refere a uma teia de organizações, mas apenas refere algumas, “esquecendo-se” de outras, leva os leitores ao engano. Dos nossos parceiros constam centros comunitários, associações de moradores, mercados locais, grupos locais de tricotadeiras, entre tantos outros parceiros que a Linha Vermelha e a Academia Cidadã têm e que a “jornalista”, ou preferiu ocultar, ou não se deu ao trabalho de pesquisar. 

8 – A Academia Cidadã tem por objetivo impulsionar a cidadania ativa e a construção de raízes de desenvolvimento com princípios de sustentabilidade social, económica e ambiental. Além do projeto Linha Vermelha, a Academia Cidadã tem desenvolvido projetos sobre a proteção do Estado de Direito, a defesa do direito de manifestação e de associação, o direito à habitação, direitos LGBTI+, antirracismo e de empoderamento cívico de adultos e jovens em territórios socioeconomicamente desfavorecidos. 

9 – Toda esta informação, incluindo os nossos contactos, órgãos sociais, relatórios de atividades e de contas, estão disponíveis publicamente no nosso sítio na internet: www.academiacidada.org. A Academia Cidadã declara também publicamente as suas atividades e financiadores no Registo de Transparência da União Europeia, cujo perfil pode ser encontrado com o número 396619394501-67. 

10 – Ao contrário do que recomenda a mais elementar prática profissional, a “jornalista” não contactou nenhum responsável da Academia Cidadã ou da Linha Vermelha para obter respostas às suas dúvidas. Seria importante que relembrasse o Estatuto Editorial do jornal para o qual trabalha: “O i pauta-se por preceitos de rigor, isenção, honestidade e respeito pela pessoa humana. O i pode tomar posições políticas, mas faz uma clara distinção entre opinião, análise e notícias. O i valoriza as notícias exclusivamente pelo valor jornalístico, e não pelo possível impacto político, social ou económico.”. E, acima de tudo, que cumprisse com dignidade o Código Deontológico de Jornalistas, nomeadamente, no seu artigo 1.º: “O jornalista deve relatar os factos com rigor e exatidão e interpretá-los com honestidade. Os factos devem ser comprovados, ouvindo as partes com interesses atendíveis no caso. A distinção entre notícia e opinião deve ficar bem clara aos olhos do público.”  

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