Sem espaços comunitários não há cidade: só há cimento!


No decorrer da grave crise de habitação que enfrentamos e que não parece ter fim à vista, surgem outras problemáticas associadas aos espaços que usamos para morar.  

Quando se fala de habitação, falamos também de redes de apoio, vizinhança e comunidade. Já não se criam os laços que deviam surgir naturalmente pela proximidade e convivência. Os idosos não têm rede de apoio, ficando muitas vezes fechados na solidão da sua casa. Os espaços para crianças, para a cultura e para a socialização não são prioritários em relação à especulação imobiliária. Tudo isto é retirado à população, destruindo, ou não dando oportunidade a construir, comunidade, solidariedade e segurança. 

Os espaços culturais e sociais também sofrem com a gentrificação das cidades, acabando por não conseguirem acompanhar o valor das rendas e a consequente não renovação dos contratos. É graças a estes espaços que são possíveis reuniões, conversas e debates sobre diferentes temas. São eles que acolhem diferentes coletivos e associações. São também eles espaços de cultura, convívio e criação de comunidade. 

Neste momento temos em Lisboa o caso da Sirigaita, que resiste a uma ordem de despejo, e a Disgraça, que antecipando o que poderá acontecer no futuro, decidiu avançar com um plano para a compra do seu espaço atual e assim garantir a sua autonomia nesta selva de especulação imobiliária.  

Assistimos também nestes tempos de celebração e luta do 25 de Abril e do 1º de Maio, à bonita história do Centro Social e Cultural de Santa Engrácia, onde se deu vida a um edifício fechado há mais de 15 anos. Com a participação de todos, incluindo da vizinhança, em apenas 7 dias o espaço ficou funcional e foi possível apresentar programação diária com concertos, filmes e conversas, sempre com refeições para servir à comunidade. Bastaram 7 dias, até ao despejo efetuado pela PSP, para se ver uma comunidade a ser construída num edifício com 15 anos sem qualquer utilidade social.   

Sendo o aprofundamento da democracia e o empoderando das pessoas para agirem dois dos objetivos principais da Academia Cidadã, é com muita preocupação que vemos as dificuldades, e o encerramento, dos espaços que proporcionam a construção de comunidades fortes, críticas e ativas.  

Assim, a Academia Cidadã pretende demonstrar a sua solidariedade com a Sirigaita, com a Disgraça e com o Centro Social e Cultural de Santa Engrácia, bem como com todos os espaços, clubes e associações que agonizam sem soluções para se manterem ativos. 

Pedimos a todos os nossos associados e seguidores que, dentro das vossas possibilidades, apoiem a resistência da Sirigaita, da Disgraça e do Centro Social e Cultural de Santa Engrácia. 

Sirigaita (Caixa de Resistência)

Disgraça (Crowdfunding para a compra do espaço) 

Centro Social e Cultural de Santa Engrácia (Petição para cedência do espaço) 

A Academia Cidadã irá continuar a acompanhar e partilhar estes casos e estamos disponíveis para juntes procurarmos formas de apoio a estas lutas tão necessárias. 

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