A entrevista que fizemos à Margarida e ao José do Vamos Salvar o Jamor (VSJ) foi densa nos conteúdos e elaborada na forma.
A conversa, que começou na praia da Cruz Quebrada, foi-se desenrolando à medida que subíamos o Jamor, entrando no Centro Desportivo Nacional do Jamor, terminando já à entrada deste, mesmo em frente aos campos de golfe.
Um dos principais temas conversados, e aquele que também foi o primeiro, foi necessariamente o plano de pormenor da margem direita da foz do rio Jamor, na Cruz Quebrada. Este é um projeto da Câmara Municipal de Oeiras, e contra o mesmo que o VSJ tem investido a maior parte da sua energia de ação. Segundo os dois ativistas ambientais, este plano coloca em risco princípios ambientais, bem como a segurança e a mobilidade das populações locais.
Mais à frente, Margarida e José também nos falaram acerca da gestão dos espaços do Centro Desportivo Nacional do Jamor. Na sua opinião, a maneiro como os campos têm sido organizados, nomeadamente vedando espaços ou limitando a sua utilização, põe em causa o usufruto democrático dos mesmos, e consequentemente das margens do Jamor e do próprio rio, por parte dos utilizadores do Centro Desportivo.
Já no fim da entrevista, e chegados à entrada do Centro Desportivo do Jamor, testemunhamos um triste cenário. Uma das margens do rio havia sido, nessa manhã fria de dezembro, devastada por uma retro-escavadora, sem motivo evidente. Os dois ativistas apressaram-se a documentar o sucedido, com a intenção de fazer a denúncia a quem de direito. Este sucedido veio, de certa forma, ilustrar o que a Margarida e o José haviam afirmado várias vezes ao longo da entrevista: as entidades, públicas e privadas, ainda têm um grande trabalho pela frente, no que diz respeito a assumir, promover e defender uma atitude responsável e informada, no que diz respeito à manutenção do rio Jamor e suas margens. Cabe à sociedade civil fazer a devida defesa, sendo esse o papel que o VSJ tem assumido desde que foi criado.