Diário de Bordo I Dia 16 I Como okupar um rio


Um dos principais objetivos do Como okupar um rio é dar voz à sociedade civil.

Bem como documentar o seu envolvimento na defesa dos rios, no caso, o rio Jamor.

 

Mas é facto que, se as pessoas devem beneficiar do poder de gerir rios, ele é necessariamente partilhado com os órgãos de poder, local ou nacional. Foi este o motivo que nos levou a contactar as autarquias dos municípios que são banhados pelo Jamor, isto é, os de Sintra e Oeiras. Queríamos saber de que forma e com que olhos vêm aquelas entidades a okupação que aqui tem vindo a ser debatida, e que em muitos casos é realizada em terrenos públicos. Uma das mais entusiastas respostas que recebemos  foi a da União das Freguesias de Massamá e Monte Abrãao (UFMMA), do concelho de Sintra, encabeçada pelo seu presidente Pedro Brás.

Desde o primeiro momento foi demonstrado grande interesse e disponibilidade, por esta União de Freguesias, em participar no nosso projeto. A entrevista resultou numa espécie de visita guiada às hortas do Jamor na zona do Monte Abraão, feita por quem claramente conhece o terreno e está bem ciente da importância do que aí ocorre, para a freguesia e para o município. A UFMMA reconhece e valoriza as hortas do Jamor, sabe que estas ajudam na preservação e limpeza das margens do rio, e agradece aos hortelãos pelo trabalho que aí têm feito.

 

 

Durante a entrevista, Pedro Brás mostrou-se de acordo com a ideia de que as populações devem ser envolvidas na gestão do património comum que é o Jamor e suas margens, e assume a necessidade de apoiar este tipo de iniciativas da sociedade civil de valorização do bem público. Diz que frequentemente desce até ao rio, e conversa com as pessoas que mantêm as hortas, houve as suas ideias, levando-as depois para as reuniões da autarquia.

Também o tema do Eixo Verde e Azul foi debatido. O Presidente mostrou grande entusiasmo pelo projeto e garantiu que este afetará a zona do Monte Abraão de forma positiva, com novos espaços de cultura, desporto e lazer. Mas, e as hortas terão de sair? Pedro assumiu que haverá uma reorganização das hortas, mas que será atendido o direito dos hortelãos em continuar as suas atividades hortícolas, nem que seja através do seu deslocamento para novos talhões de terra, situados nas hortas comunitárias do Monte Abraão, que a UFMMA espera brevemente inaugurar.

 

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